Segurança do Trabalho – Compreendendo a causa dos acidentes de trabalho
Vamos supor uma situação que seja recorrente em várias empresas e que, de certa forma, é perigosa: a sua organização, devido à ótima cultura de segurança e às boas práticas, passa longos 5 anos sem acidentes de trabalho. O que você tende a pensar sobre isso? “Bom, se nada aconteceu até agora, significa que amanhã também não irá acontecer.” E aqui está o grande erro.
A ausência de acidentes, diferentemente do que muitos pensam, não significa que não terá acidentes, e isso é óbvio. O que torna confuso é a questão do tempo, pois o cérebro tende a se acostumar com a ideia de perpetuidade, isto é, se há muito tempo nada acontece, não é agora que irá acontecer. Isso faz com que alguns padrões de comportamentos sejam mantidos e algumas análises descartadas.
Aqui, neste blog, iremos considerar o estudo de três grandes pensadores que alocaram seus tempos para pesquisas sobre as causas dos acidentes de trabalhos, e, no final, realizaremos uma breve análise para compreensão do que todos eles possuem em comum. Veja só:
HERBERT WILLIAM HEINRICH
Herbert foi um engenheiro de grande sucesso que trabalhava na área de riscos em uma empresa de seguro bem renomada em sua época. Por volta da década de 1930, ele fez um profundo estudo com 75 mil acidentes de trabalho e, como resultado, criou o conceito de “pirâmide” para apresentar suas pesquisas.
A pirâmide, que também ficou conhecida como Lei de Heinrich, se apresentava na seguinte maneira:
Ela está em uma proporção de 1-29-300. Isso significa que, para um acidente letal ou com lesão grave, haveria 29 lesões leves e 300 acidentes sem lesões, ou seja, de 330 acidentes, apenas um seria gravíssimo. Além disso, descobriu que as causas predominantes dos acidentes ficavam entre:
- Personalidade do trabalhador
- Falha humana no exercício do trabalho
- Falta de segurança no local de trabalho
- Práticas de atos inseguros
FRANK BIRD
Frank Bird foi um outro engenheiro de sucesso que decidiu dar sequência nos modelos de estudo de Heinrich. Com o mesmo objetivo da pessoa citada acima, ele estudou vários casos e chegou a montar mais de uma pirâmide. No entanto, a sua mais famosa foi quando analisou, em 1969, enquanto também atuava em uma empresa de seguros, 1750 mil casos de 297 organizações que operavam em 21 ramos distintos.
A sua pirâmide ficou assim:
A proporção passou a ser de 1-10-30-600, isto é, para cada 1 acidente letal/grave haveria 10 lesões leves; 30 acidentes sem lesões, mas com perdas patrimoniais; e 600 incidentes ou quase acidentes.
Ao contrário de Heinrich, como você pode ver, Bird também levou em conta a questão de danos e perdas, não considerando somente a questão de acidentes com pessoas.
DUPONT
Por volta de 1990, DuPont, seguindo o mesmo modelo de estudo, também elaborou a sua pirâmide que ficou conhecida como “Pirâmide de Desvios”. Enquanto Heinrich teve um foco voltado para a questão da indenização, e Bird para danos e perdas patrimoniais, DuPont preferiu direcionar suas análises para a prevenção de riscos, o que tornou tudo ainda mais profundo.
A sua pirâmide ficou da seguinte maneira:
A proporção, agora, é de 1-30-300-3000-30000, ou seja, para cada caso fatal haveria 30 acidentes com afastamento; 300 acidentes sem afastamento; 3000 incidentes ou quase acidentes; e 30000 desvios, que consistem em condutas erradas conforme às regras e exigências.
Imaginemos, então, uma situação para termos melhor clareza do assunto que está sendo tratado. Vamos levar em conta um motoqueiro de uma empresa que passa de bar em bar mostrando cardápios com a finalidade de vender produtos:
1º CASO – ATITUDE DE DESVIO
O motoqueiro precisa de ir do bar “a” para o bar “b”, que se encontra do outro lado da rua. Assim, por julgar ser perto, ele carrega o capacete no braço, sobe em sua moto e dá sequência no percurso, atravessando a rua. Nada acontece.
2º CASO – ATITUDE DE DESVIO + INCIDENTE (QUASE ACIDENTE)
O motoqueiro pratica a mesma ação. Porém, dessa vez uma criança despercebida passa rapidamente na sua frente. Ele freia bruscamente, mas nada acontece.
3º CASO – ATITUDE DE DESVIO + ACIDENTE SEM AFASTAMENTO
O motoqueiro, nesta situação, freia bruscamente ao ver a criança e acaba caindo no chão, adquirindo ferimentos leves, nada que comprometa o seu serviço.
4º CASO – ATITUDE DE DESVIO + ACIDENTE COM AFASTAMENTO
Ao deslocar do bar “a” para o bar “b”, os freios não são suficientes e ele acaba atropelando a criança. Além disso, para tentar diminuir o efeito da queda, o motoqueiro apoia o braço e quebra a clavícula. É preciso ser afastado.
5º CASO – ATITUDE DE DESVIO + ACIDENTE COM MORTE
Durante o seu deslocamento, ele não percebe a criança, perde o seu controle e a atropela. Nesse sentido, o motoqueiro acaba caindo ao chão com um impacto muito forte na cabeça, que o leva ao óbito.
Agora, uma breve e simples análise do caso. O que deveria ser evitado? A atitude de desvio. Juntando todas as pirâmides, a ideia é justamente que se combata a base delas para que todos os riscos e problemas sejam diminuídos de forma a reduzir drasticamente o número de acidentes.
“Ah, mas qual delas eu devo usar em minha empresa?” Todas e nenhuma. “Como assim?” A sua organização opera com um tipo de serviço específico, com funcionários diferentes, culturas distintas das outras, enfim, são muitas as divergências, o que torna necessário um estudo especial para o seu empreendimento. Porém, para fins de prevenção, é sempre importante ter alguma pesquisa em mãos de quem já passou por isso.
Então, esperamos que essa breve análise tenha ajudado você de alguma forma a compreender as origens dos acidentes, alguns dados importantes e a pensar de um modo diferente. A segurança é sempre muito importante e precisa vir em primeiro lugar, custe o que custar.
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